Sexualidade na 3ª Idade: uma abordagem atual

Sexualidade na 3ª Idade: uma abordagem atual

Atualmente, vemos o constante crescimento da população idosa em nossa sociedade. Pessoas com mais de 60 anos conquistaram vários recursos que proporcionam uma melhor qualidade de vida, como incentivo à educação, às artes, ao esporte, à prevenção e manutenção da saúde. Entretanto, com tantos ganhos, será que a vida sexual seguiu o mesmo padrão de melhora? Estudos recentes apontam que não.

Entre os próprios idosos, a percepção da sexualidade e sexo é limitada, pois grande parte desta população não teve acesso à informação no início de sua vida sexual; para eles, principalmente para as mulheres, sexo era uma prática apenas para procriar; para além disso, era considerado imoralidade, não havia diálogo sobre o assunto, tornando-se assim mais um tabu, que permanece nos dias atuais, por inibição por parte dos próprios idosos ou de suas famílias em tocar no assunto, entre outros fatores, como religião, falta de informações e visão da sociedade, posicionando no esquecimento uma pauta tão importante na manutenção do bem estar do ser humano, idoso ou jovem.

Sexo na Terceira Idade

Em consequência à esta falta de diálogo, o Ministério da Saúde aponta o crescimento constante do número de idosos infectados por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), principalmente pelo HIV, com aumento de 103% no número de infectados nos últimos 10 anos. Se não há diálogo sobre sexo, também não há sobre prevenção de IST’s e disseminação do uso de camisinhas. Com o envelhecimento, algumas alterações fisiológicas se fazem presentes, alterando o interesse ou disposição do idoso para o sexo: nos homens, nota-se o fator da disfunção erétil, por exemplo. Nas mulheres, a grande queda do hormônio estrogênio, responsável pela lubrificação e elasticidade vaginal, causa ressecamento das mucosas, levando ao atrito durante o sexo com penetração, o que pode ser um incômodo. De acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 19, do Ministério da Saúde, que trata sobre o envelhecimento e saúde da pessoa idosa, “fatores como artrites, diabetes, fadiga, medo de infarto, efeitos colaterais de fármacos e álcool também podem afetar o desempenho sexual”.

Nada disso, contudo, impede que o idoso tenha uma vida sexual satisfatória. Atualmente, existem medicações para tratar a disfunção erétil nos homens, além do procedimento de implantação de próteses penianas. Para mulheres, o uso de lubrificantes é um grande aliado para minimizar desconfortos durante o ato sexual, entre outros fatores, como a ingestão adequada de líquidos. Além disso, o sexo com penetração não é a única forma de sentir prazer. Há diversas formas de demonstração de amor, carinho, afeto e desejo. Inclusive, muitos idosos frequentam sex-shops, nos dias de hoje, demonstrando interesse em manterem-se sexualmente ativos, de forma que possam sair da rotina.

Quanto a nós, sociedade, profissionais de saúde e familiares, cabe ter sensibilidade e interesse em desconstruir padrões impostos há tantos anos, e contribuir com diálogo e orientação, para que nossos idosos possam viver sua sexualidade nesta fase da vida em toda a sua totalidade e plenitude.

Evelyn J. Oliveira
Enfermeira – COREN/SP 279.408

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