Alguma piora no funcionamento cognitivo é considerada normal acima dos 70 anos. Apesar isso, os idosos podem compensar estes declínios através da aprendizagem de novas técnicas, exercícios ou treinamento.
Ainda assim, problemas como demências podem surgir na terceira idade. Uma maneira de perceber se o idoso apresenta sinais de declino cognitivo é observando seu comportamento no dia-a-dia. A doença de Alzheimer é crônica, progressivamente debilitante e mais prevalente conforme avança a idade. Suas causas não foram definitivamente estabelecidas, embora pesquisas tenham encontrado fatores genéticos em alguns casos. Outras situações que podem acarretar danos irreversíveis é a doença de Parkinson, outros tipos de demência e os acidentes vasculares cerebrais. Caso haja suspeita de déficit ou algum tipo de demência, o neuropsicólogo é um profissional habilitado para realizar a avaliação do idoso através de entrevistas e testes e planejar a reabilitação.
Fatores físicos e psicológicos, bem como as condições dos testes, podem influenciar o desempenho do idoso nos testes de memória e Inteligência, por exemplo. Ainda assim, estudos mostram que o funcionamento cognitivo na terceira idade é altamente variável. Poucas pessoas sofrem declínio em todas ou na maioria dos domínios cognitivos, e muitas se aperfeiçoam em alguns deles. A inteligência fluida, e em menor grau, a inteligência cristalizada explicam mais da metade da variação na capacidade de realizar tarefas na vida cotidiana. Enquanto muitas vezes a parte “mecânica” da inteligência declina, a outra parte mais pragmática da inteligência, como o pensamento pratico, o conhecimento e habilidades especializadas e sabedoria, podem continuar a crescer.
Alguns aspectos da memória parecem quase tão eficientes nos idosos do que nos adultos mais jovens. Entretanto, outros aspectos, especialmente a capacidade da memória operacional (também chamada memória de trabalho) e a capacidade de recordar eventos específicos (memória episódica) ou informações recentemente adquiridas (memória de curto prazo) são muitas vezes menos eficientes, possivelmente em função de problemas com a codificação, armazenamento e recuperação das informações na memória. O que pode explicar parte desse declínio no funcionamento da memória dos idosos são as mudanças neurológicas, principalmente no hipocampo, que ocorrem progressivamente a partir da vida adulta.
A visão dos idosos sobre o funcionamento de sua memória pode ser distorcida por expectativas estereotipadas (ou de que é muito ruim ou muito boa). No entanto, o treinamento da memória pode beneficiar os adultos da terceira idade. Os idosos mostram considerável plasticidade (modificabilidade) no desempenho cognitivo e podem ser beneficiados com treinamento. Por esse motivo é sempre útil incentivá-los a fazerem tarefas e atividades estimulantes, como fazer palavras cruzadas, organizar uma lista de compras, vestir-se sozinho, jogar damas ou xadrez, etc.
Nayanne Beckmann Bosaipo