Estamos vivendo cada vez mais e é importante que esta maior longevidade aconteça com uma adequada qualidade de vida. O processo de envelhecimento está associado ao surgimento de algumas enfermidades, dentre elas, a Doença de Alzheimer. Esta doença é uma desordem progressiva das funções do organismo como memória, perturbações na compreensão e no aprendizado e implicações na execução de tarefas. Estas alterações interferem de forma importante nas atividades sociais e ocupacionais dos pacientes e é fundamental que sejam prevenidas ou postergadas.
Um estilo de vida saudável pode ajudar a prevenir, não somente a Doença de Alzheimer, mas também outros fatores que se associam a esta enfermidade como a hipertensão arterial, diabetes mellitus e colesterol elevado. Assim, a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis, de preferência ao longo de toda a vida, pode ser um importante coadjuvante na prevenção do declínio cognitivo.
Resultados de pesquisas realizadas na última década mostraram que dietas muito ricas em açúcares e em ácidos graxos saturados, presentes em produtos de origem animal, podem elevar o risco de Doença de Alzheimer. Além disso, dietas pobres em vitaminas e minerais também parecem acelerar este processo.
Por outro lado, os estudos mostraram que a ingestão adequada de nutrientes como as vitaminas antioxidantes C e E, o beta-caroteno e o licopeno, componentes presentes nas frutas e hortaliças, se associa a riscos mais baixos de Doença de Alzheimer, bem como um consumo adequado de ácidos graxos insaturados, presentes especialmente em óleos vegetais, sementes e castanhas. Dessa forma, vale a pena incluir estes itens na dieta!
Estudos sobre o consumo de peixes apontaram que a ingestão destes alimentos, pelo menos uma vez por semana, poderia reduzir em até 35% o risco de Doença de Alzheimer, provavelmente devido a sua composição rica em ácidos graxos ômega-3. Alguns tipos de peixes são melhores fontes de ômega-3, como aqueles de águas mais frias e profundas como sardinha, truta e salmão.
Outro grupo de vitaminas que vem sendo investigado é o complexo B. Pesquisas têm apontado que a deficiência de vitaminas B6, B12 e ácido fólico, comum em idosos, poderia elevar o risco da Doença de Alzheimer, e portanto, recomenda-se o consumo de suas fontes, principalmente alimentos de origem animal como carnes magras e leite desnatado e seus subprodutos.
A vitamina D também tem sido alvo de pesquisas nesta área e sua deficiência tem se associado ao declínio da função cognitiva, possivelmente devido a prejuízos nas suas ações antioxidante, imunomoduladora e antinflamatória no tecido cerebral. A vitamina D está presente no leite, ovos, cogumelos e, em especial, em peixes como o salmão e atum.
Em resumo, para buscar a prevenção da Doença de Alzheimer, as pesquisas sugerem um elevado consumo de frutas e hortaliças frescas, óleos vegetais, castanhas e pescados. Além disso, as carnes magras e os produtos lácteos desnatados também deve fazer parte do cardápio pelo seu conteúdo de vitamina D e do complexo B. Por outro lado, açúcares, doces e alimentos gordurosos devem ser consumidos com moderação, devido ao seu possível papel prejudicial no surgimento desta doença.
Referências
- THOMAZ, F.S.; VIEBIG, R.F. Nutrição para doença de Alzheimer. São Paulo, M.Books, 2012.
- VIEBIG, R. F. et al . Consumo de frutas e hortaliças por idosos de baixa renda na cidade de São Paulo.Rev. Saúde Pública, São Paulo , v. 43, n. 5, p. 806-813, Oct. 2009 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102009000500009&lng=en&nrm=iso>. Access on: 10 Feb. 2016.
- PASTOR-VALERO M., FURLAN-VIEBIG R., MENEZES P.R. et al Education and WHO Recommendations for Fruit and Vegetable Intake Are Associated with Better Cognitive Function in a Disadvantaged Brazilian Elderly Population: A Population-Based Cross-Sectional Study. PLoS ONE9(4): 2014. Available from: e94042.doi:10.1371/journal.pone.0094042Access on: 10 Feb. 2016.
Renata Furlan Viebig
Nutricionista, Mestre em Saúde Pública e Doutora em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo. Docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo- SP.
CRN-3 8682